Mulheres na Rio+20 e os debates pelo desenvolvimento sustentável
Mais de 80 atividades oficiais e paralelas relacionando o desenvolvimento sustentável e as mulheres estão previstas para ocorrer durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
Essa é a estimativa da Secretaria de Politicas para Mulheres (SPM) que, na semana passada, se reuniu para a 9ª Reunião do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) e escolheu as representantes das organizações civis que integrarão sua comitiva na Rio+20.
“Quando se fala em sustentabilidade, é preciso trabalhar simultaneamente o social, o econômico e o ambiental. Não se pode falar no tema sem se pensar em preservar relações humanas igualitárias”, afirmou Sônia Malheiro, Assessora Especial da SPM.
A degradação da natureza está diretamente ligada à deterioração das relações humanas e à desigualdade. As mulheres irão pleitear na Conferência especialmente o tratamento de temas relacionados a três eixos básicos:
- Combater a desigualdade de salários, de oportunidades e a violência contra a mulher;
- Repensar a divisão sexual do trabalho, buscando melhores condições para a mulher;
- Incentivar o empoderamento feminino, especialmente a presença da mulher em posições de comando em todo o mundo.
No Brasil, há 97 milhões de mulheres, que representam 51% da população. 40% das famílias são chefiadas atualmente por mulheres, quando, dez anos atrás, não passavam de 25%, segundo dados oficiais do Governo brasileiro.
A Rio+20 é uma oportunidade para as mulheres do Brasil e do mundo debatam suas prioridades com líderes políticos. Na Declaração do Rio (1992) foi reconhecido que “as mulheres desempenham um papel vital no gerenciamento e no desenvolvimento ambiental. A participação delas é, portanto, essencial para alcançar-se o desenvolvimento sustentável”.
Nos dias 19 e 21 de junho ocorrerá no âmbito oficial da Rio +20 o Fórum de Mulheres Líderes pela Igualdade de Gênero, o Empoderamento das Mulheres e o Desenvolvimento Sustentável. O evento será realizado pelo Governo brasileiro, com organização da SPM e da ONU Mulheres.
Estarão presentes líderes e especialistas de governos, organizações da sociedade civil, da academia e do setor privado. Suas discussões reafirmarão a centralidade e as interligações da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres com o desenvolvimento sustentável.
O encerramento do fórum será a Cúpula de Mulheres Chefes de Estado pelo Futuro que as Mulheres Querem no dia 21 de junho. Pela primeira vez na história, Presidentas e Primeiras-Ministras estarão reunidas para fazer um chamado a ações concretas para a integração plena das mulheres às discussões sobre o desenvolvimento sustentável.
“A Rio 92 teve um papel muito importante para as mulheres. Sem ela, não haveria hoje o mesmo destaque para temas femininos e desenvolvimento sustentável”, diz a Assessora Sônia.
História
Na Rio 92, a presença feminina foi marcada pelo Planeta Fêmea, um espaço no Fórum Global de ONGs que organizou painéis sobre temas diversos.
A escritora Júnia Puglia, ex-executiva da ONU Mulheres, que esteve presente na Rio 92, conta que na época não havia espaço oficial para o tratamento das questões de gênero na plenária oficial da Conferência.
“A voz feminina não era reconhecida e apenas depois de muitas negociações internas conseguimos um espaço. Por outro lado, no Planeta Fêmea do Fórum Global, a movimentação feminina foi muito marcante. Lembro de ter conversado com mulheres de aldeias no interior da Índia que nunca haviam saído dos seus vilarejos e estavam lá para apresentar suas agendas”, contou Júnia.
O Planeta Fêmea foi importante para a afirmação do movimento feminista. A visão das mulheres foi traduzida em mais de 90 recomendações específicas contidas na Agenda 21. Um de seus capítulos congrega um conjunto de recomendações, mecanismos e metas para integrar as mulheres e a questão de gênero em todos os níveis de governo e nas atividades correlatas de todas as agências da ONU.
Confira a programação da Secretaria de Políticas para Mulheres na Rio+20
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